Você possui um animal que se coça bastante e suspeita que tudo isto é causado por estresse? Abaixo escrevemos um artigo que pode lhe ajudar a entender o problema :).
Os cães com coceira comportam metade dos atendimentos das clínicas e consultórios. Na casuística de um Médico Veterinário Dermatólogo a estimativa aumenta para cerca de 80 a 90%. Os pacientes geralmente são de tutores que destinam pouco ou nenhum tempo para passeios e brincadeiras ou que deixam o animal sozinho por muito tempo em casa. Assim, surge uma relação óbvia: Será que o meu cão se coça por estresse?
Na medicina humana já existe a “psicodermatologia”, que integra o trabalho de médicos e psicólogos na busca por um melhor entendimento das doenças de pele. Na medicina veterinária ainda não, mas sabe-se que existe uma relação muito forte entre a pele e o sistema nervoso. A prova disto é que eles compartilham a mesma origem embriológica (ectoderma). Assim, cérebro, emoções e pele carregam uma conexão estreita. Por exemplo: quem nunca ficou vermelho em uma situação de vergonha? E o inverso também acontece: quem nunca perdeu o sono devido a coceira gerada pela picada de mosquitos durante a noite?
Os problemas de pele que envolvem fatores psicológicos e/ou emocionais podem ser divididos basicamente em dois grupos: As afecções psicogênicas, que podem ser entendidas como distúrbios primariamente comportamentais, e afecções psicossomáticas, que são primariamente dermatológicas, mas que podem ser agravadas psiquicamente.
Nos serviços especializados em dermatologia de cães e gatos, sabe-se que a prevalência de psicodermatoses é apenas de 2 e 4%, respectivamente, dentro de todos os casos dermatológicos atendidos. Desta forma, pode-se afirmar que a grande maioria dos animais que se lambem excessivamente ou se coçam, assim fazem por possuir uma doença pruriginosa (que realmente coça), ou seja, afecções psicossomáticas (primariamente dermatológicas), e não “iniciadas” por estresse ou outro distúrbio comportamental. Já para os pacientes que realmente possuem uma doença primariamente comportamental, mas que manifestam sua doença também na pele, os pesquisadores acreditam que a repetição (lamber-se, mordiscar-se ou coçar-se de forma demasiada) pode funcionar como um mecanismo de escape inconsciente, de forma que o animal, ao coçar-se, desvia a atenção do problema de origem, como por exemplo uma frustração ou um motivo de estresse. Neste caso, imagina-se que o estilo de vida e fatores individuais do animal podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento destes transtornos, onde geralmente participam situações de estresse, falta de companhia, confinamento em gaiolas, ambientes pequenos, animais agressivos convivendo juntos, entre outros fatores que são fortes indicativos, mas que não foram comprovados cientificamente como necessários para o desenvolvimento da doença.
Diante de tamanha complexidade, visto a interação possível entre diversos sistemas, e mediante a aparência visual muito semelhante entre estes dois grupos de doenças, para diferenciar os casos comportamentais dos causados por doença pruriginosa (uma alergia, por exemplo) o tutor deve procurar consulta especializada para o seu animal. É aí que entra o papel do Médico Veterinário Dermatólogo, que realizará uma avaliação individualizada no paciente, observando este como um todo, e não somente a pele. O diagnóstico de uma dermatose psicogênica não é simples e se faz pela exclusão de outras causas (como traumas, neuropatias, dores locais, parasitas, alergias, infecções bacterianas ou fúngicas ou doenças internas) ou, em alguns casos, pela resposta a determinados tratamentos. Este profissional se baseará em seu conhecimento especializado e em exames complementares para realizar o diagnóstico correto.
Assim, o Médico Veterinário Dermatólogo irá propor o tratamento mais adequado, pensado individualmente e com o objetivo de combater a origem do problema. Para os pacientes que possuem distúrbios psicogênicos, o tratamento não deve basear-se apenas em medicações de ação dermatológica, mas também em modificações comportamentais, ambientais e agentes psicoativos quando necessários, já que a causa do problema pode ser multifatorial. Já para aqueles animais que possuem, por exemplo, uma alergia ou parasitose, o tratamento envolve medicações completamente distintas das citadas acima, mas que também devem ser escolhidas de acordo com a necessidade de cada paciente.
Se você ficou com alguma dúvida ou deseja marcar uma consulta dermatológica para seu animal de estimação, contate-nos que teremos o prazer conversar.
Felipe Cunha – Medicina Veterinária Dermatológica
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